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Sad little boy at home (Getty Images/kieferpix)


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Artigo original: https://www.salon.com/2024/01/17/the-fda-is-failing-children-with-a-rare-neglected-disease-sometimes-called-childhood-dementia/

A FDA está a deixar para trás crianças com uma doença rara por vezes chamada demência infantil

Por: Matthew Ellinwood, D.V.M., Ph.D. C.S.O da National MPS Society

Os efeitos da síndrome de Sanfilippo em crianças pequenas são tão devastadores que a doença rara é muitas vezes conhecida como "demência infantil".

 

Cerca de um em cada 70.000 recém-nascidos herda esta doença. As crianças afetadas parecem normais à nascença, mas entre o primeiro e o sexto ano de idade começam a desenvolver uma série de sintomas, incluindo atrasos graves no desenvolvimento, episódios semelhantes a convulsões e perdas de cognição, visão e audição. Estes sintomas são frequentemente acompanhados por dor crónica e sofrimento emocional geral. Ao fim de vários anos, os doentes deixam de reagir. Sem exceção, a doença de Sanfilippo conduz a uma morte precoce.

 

Dediquei a minha carreira à compreensão desta doença cruel e à procura de formas de a tratar ou curar. Felizmente, as terapias para a Sanfilippo estão no horizonte - pela primeira vez

No entanto, existe um obstáculo ao desenvolvimento e aprovação destes tratamentos. A barreira já não é científica, mas burocrática. A Food and Drug Administration (FDA) está a submeter as potenciais terapias com Sanfilippo a um padrão impossível e desumano.

 

Sem exceção, a Sanfilippo conduz a uma morte precoce.

 

A síndrome de Sanfilippo, da qual existem quatro tipos, resulta da deficiência de uma das quatro enzimas necessárias para quebrar as longas cadeias de moléculas de hidratos de carbono. Estas moléculas não degradadas acumulam-se com efeitos devastadores no cérebro, levando a uma neuro degeneração desoladora.

 

Ainda não existem terapias aprovadas para a síndrome de Sanfilippo, mas a ciência já percorreu um longo caminho. Neste momento, o que está a bloquear o progresso é o regulador – a FDA.

O problema reside na abordagem padrão que a FDA está a aplicar na avaliação das terapias para a síndrome de Sanfilippo. De acordo com a via tradicional de aprovação da agência, um medicamento deve ser submetido a ensaios aleatórios que demonstrem benefícios clínicos.

Este processo faz sentido no caso de doenças comuns, como a diabetes, em que os médicos podem administrar um tipo experimental de insulina e avaliar a sua eficácia e segurança em comparação com os tratamentos existentes ou sem qualquer tratamento. A diabetes tem sintomas reversíveis que podem ser observados em poucas semanas.

 

Mas não é esse o caso da síndrome de Sanfilippo. Os processos de aprovação tradicionais não fazem sentido para doenças ultra-raras e irreversíveis. É exatamente por isso que a FDA tem outro caminho para fazer chegar os tratamentos aos doentes mais cedo.

 

Ao abrigo da via de "Accelerated Approval (aprovação acelerada)" da agência, a FDA pode viabilizar um tratamento com base num " surrogate endpoint (parâmetro alternativo) " - uma alteração bioquímica mensurável que indica as melhorias.

No caso da síndrome de Sanfillipo, os doentes têm níveis anormalmente elevados de um hidrato de carbono específico chamado sulfato de heparano, que se acumula devido à deficiência enzimática hereditária. A redução do nível de sulfato de heparano é um  "surrogate endpoint (parâmetro alternativo) " robusto que demonstra a eficácia potencial de um medicamento. Os tratamentos precisam simplesmente de substituir as enzimas em falta, permitindo que o organismo decomponha o sulfato de heparano.

A síndrome de Sanfilipo é exatamente o tipo de doença que os reguladores, como a FDA, tinham em mente quando criaram a ‘’aprovação acelerada’’. A biologia simples por detrás da síndrome de Sanfilippo deveria facilitar a aprovação dos tratamentos. No entanto, a FDA recusou-se a permitir o acesso dos tratamentos para a síndrome de Sanfilippo à via de ‘’aprovação acelerada’’, insistindo, em vez disso, na aprovação tradicional.

 

Isto é um desastre para os doentes atuais e futuros.

 

Como a síndrome de Sanfilippo é muito rara, recrutar um número suficiente de doentes para os ensaios clínicos tradicionais é um desafio. Este obstáculo já obrigou ao encerramento de vários programas de investigação. De facto, uma empresa de biotecnologia, acabou de encerrar o seu ensaio clínico mundial nos dos subtipos de Sanfilippo, citando o processo regulamentar da FDA como um obstáculo fundamental.

Um problema adicional com a via tradicional de aprovação da FDA é o rastreio neonatal. Os rastreios de rotina existentes já beneficiam cerca de 15.000 bebés por ano, mas existe tecnologia para ajudar mais recém-nascidos, testando os quatro subtipos da síndrome de Sanfilippo.

 

Mas sem um único tratamento aprovado, os decisores públicos têm poucas razões para implementar o rastreio da síndrome de Sanfillipo em recém-nascidos. A aprovação de um tratamento eficaz iria impulsionar o desenvolvimento e a implementação de um teste neonatal eficaz para a doença.

 

Depois, há a questão ética, que é de cortar as entranhas. Os requisitos da FDA exigem grupos de controlo que recebam um tratamento diferido ou nenhum tratamento durante um ano ou mais. Um doente com Sanfilippo num destes grupos poderia atingir o ponto de não retorno da sua doença - para além do qual os tratamentos futuros seriam ineficazes. Por outras palavras, a participação nestes ensaios pode ser uma sentença de morte.

A investigação sugere que os tratamentos eficazes para a doença de Sanfillipo terão de começar antes dos 2 anos de idade. Obrigar uma criança de 1 ano com a doença a permanecer num grupo placebo durante um ano pode eliminar permanentemente a possibilidade de melhoria.

Será esta a única forma de avaliar tratamentos promissores? Será que algumas crianças têm de morrer para saciar o nosso desejo de obter dados? Algumas pessoas na FDA parecem pensar que sim.

 

Se tivessem a opção, a maioria dos pais de doentes com Sanfilippo aceitaria de bom grado um tratamento experimental, em vez de um placebo, uma vez que a alternativa é a morte certa.

 

Os tratamentos eficazes para a Sanfilippo estão finalmente ao nosso alcance. A única questão que se coloca é, se a FDA vai permitir que a medicina moderna cumpra esta promessa - ou se a agência FDA vai continuar a insistir num processo de aprovação pouco científico e pouco ético, quando tem um caminho melhor prontamente disponível.

 

Artigos relacionados:

The Washington Post: Her son is dying. She hopes the FDA will let her try to save him.

https://www.washingtonpost.com/dc-md-va/2023/12/02/rare-condition-sanfilippo-fda/

International Business Times: A Doctor And Mother's Plea To FDA To Help Save Children With Rare Disease

https://www.ibtimes.com/doctor-mothers-plea-fda-help-save-children-rare-disease-3721493

Stat News: Aduhelm’s accelerated approval offers a promising roadmap for rare neurological diseases

https://www.statnews.com/2021/07/07/accelerated-approval-aduhelm-promising-roadmap-rare-diseases/

Nos EUA, atualmente, há um forte movimento da comunidade de pacientes e da indústria farmacêutica para mudar este paradigma, aparecendo em vários media, por forma a chamar a atenção da sociedade civil e dos próprios reguladores, acerca do caminho de aprovação ‘escolhido’, no caso desta doença (e outras similares também). A este movimento nos juntamos, como parte da comunidade Sanfilippo.
Precisamos da 'Accelerated Approval'' , JÁ!

 

 

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